Em 1920, José Vítor de Oliveira, pediu licença para construir
um muro de vedação e abrir portal, na rua do Monte dos Burgos, entre os n.ºs
652 e 672. Foi precisamente neste muro que foi aberta a rua Padre Rebelo da
Costa. Presumo que este Sr. José Oliveira fosse familiar, provavelmente pai,
do Dr. Oliveira, proprietário da quinta aqui na rua, onde 40 anos depois, foi
construída a nossa casa.
Antes desta data, ocorreu um temporal na cidade. Mais
precisamente em 1918 que provocou estragos aqui pelos vizinhos. Relato
as palavras do pedido de licença, pela sua peculiaridade: Domingos da Silva
Barros pretende reconstruir um muro de vedação e requer: «…levantar dois pedaços de parede de propianho … que lhe caeu com o
temporal no comprimento de 15 a 20 metros por 2 a 2,40 de altura e que não
perçisa volir com os alicerçes e sendo para aplicar o mesmo metrial que iziste
da mesma parede, esta reconstrução da parede fica desviado da estrada publica
40 a 50 metros e como não posso fazer sem licença da Ex.ª Câmara, Pede
Deferimento…”. Pela localização, nº 1024 da Rua do
Monte dos Burgos, afastado da via 50 metros, estamos dentro de outro terreno
lavradio.
Em 1939, José Pedro pede para construir um muro de vedação de
56 metros por 0,50 de altura e colocar uma rede a de arame n.º 10, por cima do
muro, sito ao longo do quintal, no n.º 750 aqui na rua do Monte dos Burgos.
Concluo que de Santa Luzia para a Circunvalação havia ainda grandes extensões
de rua sem habitações.
Um dono de quinta era Albino Vieira, morador no n.º 746 da
Rua de Monte dos Burgos que pretendia, em 1912, «construir um barracão para guardar gallinhas durante a noite», na quinta de que é possuidor nesta rua.
Em vários pedidos de licença para a construção de prédios,
solicita-se a demolição de casebres. Pode depreender-se que as casas de lavoura
teriam aqui e ali uns casebres que foram perdurando e formando os pequenos
aglomerados habitacionais.
Os mestres de obras da época eram pouco versados na
ortografia. Mais um exemplo do “pruprietario na Rua do Monte
dos Bulgos, 909 desejando fazer obras de 2.ª Categuria pede a devida
auturisação. O abaixo assinado Mestre de obras muradôr… durante a obra retru
menciunada…”.
Aníbal Crispim Neto, em 1937, pretendia construir um barracão
no n.º 628. Ora, anos mais tarde, quando comprámos o primeiro Micra ficamos
muito contentes por ter um concessionário da marca ao pé da porta. A Rótor
tinha instalações neste barracão, mas era só chaparia – felizmente nunca
necessitamos dos seus serviços. Hoje é a Rua da Maria Peregrina de Sousa e tem lá moradias chiques, com quatro tílias nos
passeios.
Pelos interiores destes terrenos lavradios, vamos encontrar os limites de duas ou três quintas – a quinta do Regado, a quinta da Telheira e a quinta do Tronco
Antes de contar o que sei sobre estas quintas, vou aqui deixar a nota de um meu caderno de anteriores pesquisas que agora não consigo reconstituir. Refiro-me a uma linha de água que viria do manancial de Paranhos “um rio que atravessa a rua e passa por um grande tanque”, estando assinalado também a divisão dos concelhos, frente às terras da Prelada, a que se seguiam os campos do lavrador Cunha a poente, que iam até ao Caminho de Requesende – hoje espaço do antigo parque de campismo.
Afinal o que é vivo, mesmo de 1855, sempre aparece e nestas
escrituras pode-se voltar atrás e inserir o material no sítio certo. Cá fica,
pois, o documento, com o facto curioso de estar desenhado “o rio” a azul
(ampliar a imagem) e a seguir haver um ponto vermelho a marcar a divisão dos
concelhos de Porto e Bouças – local da seta.
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