sábado, 26 de julho de 2025

S. Thiago das Bichas


O almanaque está com um dia de atraso, mas se houver alguém que necessite do remédio, talvez ainda esteja dentro do prazo de validade.
Tenho uma certa pena de não dedicar mais umas horas da vida à descoberta da nossa etnografia. Pelo Portugal profundo ainda vão fazendo uns cortejos a evocar certas tradições. A imprensa regional vai fazendo algum eco, mas é pouco lida...
Leiam esta notícia do Diário do Minho sobre estórias que não conhecem, nem ouviram alguma vez falar:


»»Cortejo etnográfico deu a conhecer cultura popular de Cabeceiras de Basto


Publicado em 27 de setembro de 2022, às 11:10


Realização integrou programa oficial das festas concelhias em honra de São Miguel.

Dedicado ao tema ‘Lendas e Estórias’, o Cortejo Etnográfico integrado no programa da Feira e Festas S. Miguel 2022 saiu esta tarde, 25 de setembro, à rua. Milhares de pessoas assistiram ao belíssimo desfile que promoveu e divulgou a cultura popular e etnográfica de Cabeceiras de Basto. A freguesia de Abadim apresentou neste cortejo a ‘Os Moinhos de Rei’; a freguesia de Alvite e Passos os ‘Monges oram na Serra da Senhora da Orada’; o Arco de Baúlhe e Vila Nune a ‘Lenda do Crasto’; Basto a ‘Cura de D. Afonso II e atribuição do Couto a Santa Senhorinha pelo Rei D. Sancho I’; Bucos a ‘Atribuição do Galardão Galo de Prata da Aldeia Mais Portuguesa de Portugal’; Cabeceiras de Basto a ‘Lenda da Dona Loba’; Cavez a ‘Lenda da Construção da Ponte de Cavez’; a Faia trouxe ao cortejo ‘S. Tiago das Bichas’; Gondiães e Vilar de Cunhas a ‘Lenda de S. Sebastião e a Festa das Papas’; a freguesia de Pedraça a ‘Partida de Dom Nuno Álvares Pereira para a Guerra’; Refojos, Outeiro e Painzela a ‘Chegada das Tropas Republicanas à sede do concelho’; Riodouro ‘Os Cemitérios da Discórdia’; e a Associação Vilela Com Vida a ‘Lenda da Cantareira’. [Notícia completa na edição impressa do Diário do Minho] 



Quanto às nossas "Bichas", acho que não é muito fácil encontrá-las, nem há por ali barbeiros que as apliquem. Vou socorrer-me de quem sabe e já publicou boa informação sobre as bichas. Leiam aqui o resumo e vão ao original ler o resto:


Em que consiste a festa das bichas? «A primeira pista é-nos facultada pelas memórias paroquiais de 1758: “Há ao pé desta igreja um ribeiro, em dia de São Tiago, que é o orago, concorre muita gente a tomarem bichas para sararem de várias enfermidades. E é tradição antiga que só naquele dia se achavam no dito ribeiro que se chama de S. Tiago” (CAPELA, 2003: 224). As pessoas da freguesia contam as histórias que os avós lhes contavam: antigamente, quando as pessoas tinham problemas no sangue ou outras doenças em que era necessário purificar o corpo, mergulhavam as pernas no estreito ribeiro que corre perto da igreja de S. Tiago. No dia do Santo, apareciam as sanguessugas que se agarravam às pernas dos banhistas e curavam varizes e coágulos, regenerando os corpos dos devotos.

Reza a lenda que as bichas aparecem apenas no dia de S. Tiago, muito embora a vida e a obra de S. Tiago nada tenham a ver com semelhante lenda. Pormenor que não obsta a que a memória da cura pelas sanguessugas se mantenha viva e festiva. Hoje, ninguém se aventura a mergulhar as pernas no ribeiro, mas a festa das bichas continua a realizar-se com dignidade todos os anos no último fim-de-semana de julho ou no primeiro de agosto, com missa, procissão, música e fogo-de-artifício no final.»

consultar Tendências do Imaginário 



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