terça-feira, 18 de fevereiro de 2025

Comer em Paranhos

Já aqui referi casas onde antigamente se comia bem, que estão hoje desaparecidas dos itinerários gastronómicos. Só para continuar com este cantinho de Paranhos, vou deixar uma menção à casa minha homónima - A Casa Amaro. Passo lá demasiadas vezes de carro e nunca a pé, pelo que ainda não me atrevi a lá entrar.

A minha atenção foi sempre atraída pela tabuleta. É pena terem desaparecido do nosso Porto quase todas as tabuletas que eram a primeira publicidade e a marca do posicionamento do estabelecimento na rua. "É ali a seguir à Flor de S. Crispim, está a ver a tabuleta?» Quantas placas com "A Flor de ...".Não havia mercearia ou pomar, que não fosse a flor lá do sítio. Primeiro as tabuletas eram de folha flandres em caixilho de ferro, depois veio o vidro pintado encaixilhado, como aqui a da Casa Amaro, depois nos anos 60, veio o plástico e os reclamos luminosos e lá foram desaparecendo as tabuletas.

Quanto à publicidade, deixou de ter o encanto antigo. Senão repare-se no que há anos diziam da Casa Amaro, onde os petiscos eram "de trás da orelha"

Fica na Rua Capitão Pombeiro e ainda ostenta tabuleta, embora a quadra popular já não esteja na memória de muitos, por isso, cá vai para ficar lembrada:

Toda a gente me aconselha

Por eu não querer comer caro

Petiscos de trás da orelha

Só na Casa Amaro.


Imagino esta quadra pintada num quadro lá na parede, no meio de umas canecas de barro vidrado, enchidas das pipas atrás do balcão.  Dava mais trabalho meter lá uma pipa, do que hoje uma caixa de garrafas na dispensa e o vinho não custava as exorbitâncias hodiernas. Era o tempo em que, como dizia o outro, o vinho "comia-se"- «Beber vinho é dar de comer a um milhão de portugueses.»

Na mesma rua, logo à mão esquerda de quem entra, fica o Restaurante Pombeiro com fama tripeira. Dizem que ali se comeram as melhores Tripas à moda do Porto. Nunca lá comi, nem vi comer, mas os meus mais próximos confirmam-no e os prémios arrecadados também.

Acho que a Aninhas das m . . . . gordas não tinha casa na freguesia e para comer pescada frita havia que ir à Cascata da Praça Nova, “no tempo em que apareciam pescadas que mediam quasi dois metros de comprido”. Se não acredita , leia o excerto anexo de «O Tripeiro».


Qualquer roteiro gastronómico diz-nos onde provar as especialidades em Paranhos, mas uma "pescada frita de dois metros" não há em parte nenhuma. Valha-nos umas iscas de qualquer Aninhas que as saiba fazer.


Sem comentários:

Enviar um comentário