terça-feira, 19 de novembro de 2024

Monte de Marganchos – que grande panorâmica…

 Ainda sei pouco deste monte, que em alguns documentos aparece como pertencendo a Paranhos, noutros como fazendo já parte da freguesia de Campanhã.

Na verdade, seria a continuação de um monte de Paranhos – o de Currais que continuando pelo que é hoje a Avenida de Fernão Magalhães, iríamos encontrar o Monte de Marganchos, que largaria as suas fraldas, ali para os lados dos caminhos para Contumil. Há referências de 1880 e de 81 ao Caminho de Marganchos e ao lugar com o mesmo nome, por onde passa hoje a Rua de Santo António de Contumil, que também já incorporou a Capela na sua toponímia - Rua da Capela de Santo António de Contumil, antigo Caminho de Marganchos. Como acontecia no monte vizinho, Marganchos era monte de fábricas de fogo de artifício e de pólvora, que naturalmente a Câmara obrigava a ficarem longe dos sítios mais povoados.

Foto à esq. Fotografia aérea da zona rural de Paranhos e Campanhã, desde a Rua João Corregedor da Fonseca (antiga Rua Nova de Currais, Norte), à Rua de Santo António de Contumil (Sul), com algumas habitações entre o Monte de Currais e o Monte de Marganchos. (Fotografia aérea da cidade do Porto: 1939-1940: fiada 27, n.º 314)

Foto à dir. Fotografia aérea da zona rural de Campanhã, desde a Quinta do Carvalho, na atual Rua Dr. Corino de Andrade (Noroeste), ao Bairro de Casas Económicas de S. Roque da Lameira (Sudeste), em construção, perto da Estação ferroviária de Contumil. Identificando-se ainda, o Monte de Marganchos; a Ribeira de Cartes; a Linha do Minho e Douro e pequenos aglomerados habitacionais à face das artérias envolventes. [Fotografia aérea da cidade do Porto: 1939-1940: fiada 27, n.º 310]

Carta cadastral da cidade do Porto (…) referida ao ano de 1892 (…): [folha] 11

Folha da planta da cidade do Porto, à escala 1:2.500, reduzida da carta 1:500 dirigida e levantada por Augusto Gerardo Teles Ferreira, por encomenda da CMP.

É muito curiosa esta folha da Carta de Augusto Teles Ferreira, porque se refere a 1892 e indica-nos alguns topónimos desaparecidos. Além disso, delimita as três freguesias – Bonfim, Paranhos e Campanhã e identifica lugares, como:

Em Paranhos – lugar da Patusca junto ao lugar das Barrocas, o largo da Cruz das Regateiras e o início da Rua da Cruz, perto do Hospital dos Alienados ou do Conde de Ferreira e o lugar de Curraes.

No Bonfim – o lugar das Antas de Cima e o de Salgueiros.

Em Campanhã – O lugar do Calvário, o de Contomil (curiosa a grafia, talvez ainda ligada à lenda dos mortos que corriam pelo Rio Tinto – Quantos contas? Conto mil), o lugar de Cartes e o de Luzares, junto a S. Roque da Lameira.

Aparece já traçada a Linha do Caminho de Ferro do Minho e do Douro.

Quanto a ruas, denominações actuais já lá figuravam, como por exemplo – a rua de Costa Cabral, a rua das Antas, a rua Nova de Contomil, a rua de S. Roque da Lameira (de Cima), ou a Travessa e Viela de Cartes.

Finalmente, lá figura o nosso Monte de Marganchos ao lado de Curraes.

A toponímia vai-nos pregando algumas partidas e o Monte de Marganchos passou a chamar-se Monte da Bella. Ora se quiserem ir lá ter, podem partir ali do Jardim da Corujeira, pela rua do Monte da Bela acima e vão deparar com este panorama a partir do Miradouro do Monte da Bela.


Lembremos as demolições de grande parte do Bairro de S. Vicente de Paulo, construído por aqui em 1950, cuja memória descritiva, se intitulava “Bloco de Residências para Famílias Pobres da Corujeira”. Foi quase tudo abaixo… Foram para outros lados com "piores vistas".

Bairro São Vicente de Paulo, Porto, 1950. Foto: Arquivo Municipal


Há sete anos (2017), a Câmara bem quis “oferecer” aqui terrenos para rendas controladas, mas ninguém os quis, agora…


Ah, este Porto Oriental, tão desconhecido… mas deve ser por poucos anos, porque o preço das casas e dos terrenos subiu lá mais do que em qualquer outra zona do Porto.

Sem comentários:

Enviar um comentário