sexta-feira, 6 de dezembro de 2024

Quinta da Seda

 

O imóvel que sempre conhecemos como Quinta da Seda no n.º 470-494, da Rua do Monte dos Burgos, alberga hoje a redacção do Jornal de Notícias e outras publicações do grupo.

Pouco sei do sítio como quinta, mas a ligação à seda vem desde 1944. Aqui na nossa vizinhança, já era um “óptimo local”, que até era servido por linha de carro eléctrico -  o 6 - segundo consta no caderno de encargos para a construção da fábrica, o que facilitava o transporte dos empregados da empresa.


É muito curioso que o projecto deste imóvel tenha sido um trabalho académico de um famoso arquitecto. Cassiano Abreu (1911-1998), em 1944, apresentou o trabalho Edifício de Serviços para a CPSA - Companhia Portuguesa de Seda Artificial ao Concurso para Obtenção de Diploma de Arquitecto (CODA).

O projecto para a Fábrica de Sedas seria executado em parceria com outro arquitecto de renome, Arménio Losa, que viria também a assinar um trabalho residencial, de Habitação Colectiva, em 1971, num quarteirão acima desta fábrica, ali na Rua Martins Sarmento, n.º 40-70.

Vejamos o que havia lá por dentro da fábrica:

«PROGRAMA - Para a destribuição e atribuição de areas dos diversos serviços, foi elaborado um programa de acordo com indicações dos administradores da Companhia. Esse programa divide-se em sete partes: I a.- Serviços de escritório; 22,- Secção de Sedas; 32,- Secção de Anilinas; 42,- Secção de Papel"Celofan»; 52,- Secção para InstalacSes do Pessoal; 62,- Garage; 72,- Habitação do guarda. Para elaborar o projecto de acordo com o programa e de maneira o a obter ura bom funcionamento, estabeleceram-se os diversos serviços da forma seguinte: á margem da rua, a fim de obter um fácil acesso, situaram-se as dependências destinadas a escritórios e armazéns. Á volta de um espaçoso páteo e em contacto 2 com os armazéns, foram colocados os hangares destinados ás Secções de Sedas, Anilinas e "Celofan", com os seus anexos. Limitando este páteo pelo lado nordeste, ficará o recinto destinado a refeitório e instalações sanitárias do pessoal, o qual tem ligação directa-atravez de uma galeria - com as Secções onde trabalha o maior número de operários.» 

In memoria descritiva

E a fábrica era lucrativa, visto que dois ou três anos depois já dava dinheiro aos accionistas:

No entanto, a produção já vinha de trás. Já tivera laboração noutro local, aqui da cidade, precisamente na rua do Breyner.

Hoje, esta casa de habitação já não revela os sinais exteriores de uma fábrica.

Créditos:





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