Escrever sobre coisas que a memória ainda se lembra
Hoje nem tudo está na Net e o que lá há raramente nos satisfaz, quando queremos enriquecer as nossas memórias de antanho. Andar à pesca sobre “Monte Aventino” ainda traz alguns resultados, pelo menos desportivos ou imobiliários porque o topónimo ficou associado ao parque desportivo e às colmeias de caixas de fósforos que no espaço do monte se ergueram.
Voltemos então à memória:
As cestas de carvão. Vinham até ali ao monte Aventino, aquelas cestas suspensas num cabo que passavam depois ao lado do Estádio das Antas, desciam até Rio Tinto, onde passavam por cima da linha de comboio, mesmo antes de este chegar à estação e lá iam pelo meio dos campos até S. Pedro da Cova, carregar o combustível para as estações de produção de electricidade para os carros eléctricos. A S. Pedro eu ia frequentemente, sempre vi as cestas e o cavalete de S. Vicente lá no monte, nas minas, embora nunca me tivessem levado lá dentro.
Cavalete de S. Vicente
Ali no Monte Aventino, ficava a Central de Depósito de
Carvão, onde se abasteciam as cestas.
Há
um licenciamento
de 1923 a autorizar a construção de um anexo ao prédio sito no Monte
Aventino, onde a Companhia tinha o seu escritório.
Em tempos idos, nos anos 40 que nós não vivemos, ali junto à
Central de Depósito de Carvão, pertencente à Companhia das Minas e Carvão de S.
Pedro da Cova, também se distribuía carvão para uso doméstico.
Nas imediações, ali junto a um muro, havia uns silos onde
guardavam este carvão e era ver a fila de camionetas a gasogénio, a carregar
ali encostadas ao muro, como documenta a foto mais abaixo.
Quem nos podia dar
mais informações seria o Hélder Pacheco, pois as imagens, embora recolhidas no
Arquivo Distrital do Porto, pertencem ao Arquivo do escritor.
Muito curiosa esta imagem (com a legenda “Analisando o carvão”) do cientista, que embora não esteja identificado no Arquivo, reconheço pessoalmente como o Abel Salazar. Esta foto vi-a pela 1.ª vez na sua Casa-Museu. No Arquivo, referem apenas “Gabinete das Análises – Central do Depósito do Carvão”. Para mim é muito estranha a presença de Abel Salazar. Mesmo a foto, eu situá-la-ia em S. Mamede de Infesta.
Desviemos agora um pouco para o gasogénio.
Nas três fotos, os veículos retratados eram movidos a gasogénio. Estávamos em plena 2.ª Grande Guerra, (entre 42 e 47), escasseava a gasolina e era preciso engenho para pôr a funcionar os motores de combustão interna.
Não sei explicar muito bem a técnica, mas nas traseiras da camioneta
vê-se um enorme cilindro, idêntico aos que se vêem junto à porta nas camionetes
em cima. O cilindro continha o dito gasogénio, um gaz produzido a partir de
lenha e carvão, onde Reino Unido, França, EUA, Alemanha e Suécia ditaram os
inventos.
Se lermos com atenção, descobrimos a rota da “carreira”.
“ARCOS PONTE DE LIMA VIANA”. Fui muito anos para aqueles lados, mas nunca andei
numa igual.
Ler
AQUI mais sobre carros a gasogénio em Portugal
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